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O objetivo desse blog é ser um álbum virtual das minhas viagens desde 1997.  Em cada uma delas, tento passar um pouco do que vivi. Espero que goste e volte sempre para ver as novidades.
Para conhecer meu trabalho como fotógrafo profissional, visite meu novo site www.adilsonmoralez.com.br

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Situado há 42 km de Santarém por estrada asfaltada (PA 457), Alter-do-Chão é uma vila com cerca de 2.000 habitantes localizada na margem direita do límpido rio Tapajós. A beleza das águas do Tapajós e do lago verde, que rodeiam a vila, fizeram-na merecer o carinhoso apelido de Caribe brasileiro de água doce. Sua fama vem aumentando nos últimos anos e o turismo não para de crescer. Nos grandes feriados o fluxo de pessoas vindo de Santarém é muito grande e a vila fica praticamente intransitável.

Alter Do Chão – Confira O álbum De Fotos (mostrando 30 De 135 Imagens)

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Fora desses dias a vila é um tremendo sossego e andar pelas suas praias de areia branca quase nos faz esquecer que estamos numa praia de rio. Até porque, o rio Tapajós tem em média 9-10 km de largura e próximo de desaguar no Amazonas chega aos incríveis 19 km de largura. Alter-do-Chão recebe muitos visitantes internacionais e é um paraíso ainda pouco conhecido por brasileiros, principalmente pelos do sul/sudeste.

Uma das grandes festas de Alter-do-Chão é o Çairé que acontece na primeira quinzena de setembro e trata da disputa dos botos: cor-de-rosa e tucuxi. A festa do Çairé é uma das maiores e mais antigas manifestação da cultura popular da Amazônia. Sua origem remonta ao período de colonização, quando os padres jesuítas, na sua missão evangelizadora pela bacia do rio Amazonas, envolviam música e dança na catequese dos indígenas. O símbolo do Çairé era usado como saudação em festas de santos, tendo em sua origem um caráter religioso, incorporando características populares com danças e folguedos. Com o tempo essas características foram se reforçando a tal ponto que a Igreja proibiu sua realização em 1943.

Em Janeiro de 1973 os moradores de Alter-do-Chão resgataram o evento, agora com cunho mais folclórico que religioso. O evento passou depois para julho e finalmente para setembro. A palavra Çairé origina-se dos dois termos Çai Erê, que significa “Salve! Tu o dizes”, que era usada pelos índios como forma de saudação.
Neste trecho da viagem, além do convite da agência Travel In de Belém, tive o apoio do Sebrae que através da Gekko, empresa de atividades turísticas e soluções ambientais, está empenhado no desenvolvimento do pólo turístico do Tapajós. Isso deu um outro enfoque para viagem, pois além de visitar os pontos turísticos da região visitamos várias comunidades com o objetivo de promover e divulgar seus trabalhos artesanais. Para me mostrar toda a região pude contar novamente com a grande ajuda do Taketomi do receptivo Vento em Popa de Alter-do-Chão que com suas lanchas me levou para conhecer todos os pontos turísticos da região.

Eu e Taketomi chegamos em Santarém (retornando de Monte Alegre) por volta das 11h e fomos até a agência do Sebrae nos encontrar com Thomas e Zeni da Gekko. Pegamos o carro fornecido pelo Sebrae e fomos todos para Alter-do-Chão. Eu já estava sentindo saudades da vila e da pousada do Guariba, pois havia passado quatro dias viajando de carro e barco. Poder ver novamente a ilha do amor praticamente deserta numa segunda-feira foi muito gratificante. Aproveitei a tarde para fotografar a praia e ao cair da tarde fui passear de caiaque no igarapé do camarão.

No dia seguinte, como o dia era livre acatei a sugestão do Marcos da pousada Casa do Guariba e fui conhecer a vida do Sr. Reinaldo, um caboclo muito espirituoso de 59 anos que vive num sítio a caminho de Santarém. Cheguei lá bem cedo e ele já estava trabalhando na preparação do beiju, um alimento muito comum a base de tapioca (mandioca). Enquanto contava suas histórias me levou para conhecer a mata de seu sítio.

No dia seguinte, o Taketomi me levou de lancha para conhecer o Igarapé do Macaco. Este igarapé é um dos vários que abastece o lago verde e nos meses de seca é possível subir um bom trecho dele. Com a lancha desligada utiliza-se apenas uma vara para não turvar a água. Depois saímos no Tapajós e fomos conhecer outras praias rio acima. Passamos pelo lago do Muretá, Ponta do Caxambu e fomos até ponta do Pindobal.

Santarém

Santarém é uma cidade grande com cerca de 262.000 habitantes e está localizada na margem direita do rio Tapajós. Com vôos regulares vindos de Belém e Manaus é conhecida como a pérola do Tapajós. Dela saem barcos para todas as cidades da região além de Manaus, Belém e Macapá. Embora esteja no Pará utiliza o fuso horário do Amazonas, uma hora a menos que Brasília. Um de seus principais pontos turísticos é o encontro das águas verdes e claras do rio Tapajós com as águas barrentas do Amazonas.

Isso acontece bem defronte ao município, porém os rios percorrem ainda vários quilômetros sem que as águas se misturem. A principal causa disso é a diferente composição e temperatura das águas. Um fato curioso é que quando ocorre a pororoca na foz do Amazonas, há centenas de quilômetros dali, o rio Amazonas invade o Tapajós por vários quilômetros.

Outra atração inusitada é o museu vivo de Dona Dica Frazão, uma senhora de 84 anos que trabalha diariamente na confecção de artesanato, acessórios, roupas e muito mais, tudo feito com matéria prima da natureza. Em suas incríveis criações ela utiliza raízes do patchuli, fibra de malva, palha do buriti, açaí e tucumã, capim de sempre-viva, juncos, entrecascas e madeiras. Para expor suas obras ela criou um museu onde tem réplicas de verdadeiras obras de arte, tais como vestidos e acessórios feitos sem uma peça de tecido, somente matérias da natureza.

No museu João Fona é possível conhecer um pouco da história de Santarém através de fragmentos de objetos indígenas datados de cerca de 3 mil anos, imagens de seus ilustres além de peças de cerâmicas. O museu também contempla um espaço para exposições de artistas santarenos contemporâneos. Apesar de ter feito várias fotos da igreja a melhor delas foi feita do barco para Monte Alegre.

Monte Alegre

Monte Alegre fica na margem esquerda do Amazonas e é possível chegar lá por estrada não pavimentada, vôo de monomotor ou barco. Sem dúvida alguma o barco é o mais interessante para quem quer ver de perto como vive a população da região. Pois é no barco que você vivencia os hábitos e costumes tanto de quem viaja como de quem vive às margens do rio. O trajeto até Monte Alegre tem cerca de 130 quilômetros e na viagem de ida levamos 5 horas. Com seu deslocar lento é possível conversar com as pessoas, ler um livro, simplesmente dormir na rede ou apreciar a vida nas margens do rio.

Em Monte Alegre fiquei surpreso com a infra-estrutura da hidroviária, que destoa de qualquer outra da região. De construção recente é bem organizada, e conta com banheiros limpos, lanchonete e até uma sala de espera com projeção de vídeos. Uma das principais atrações de Monte Alegre é a Serra da Lua, onde se encontra um dos mais antigos sítios arqueológicos do Brasil com pinturas rupestres datadas de cerca de 10-12 mil anos.

Durante o jantar ficamos sabendo que o Sr. Alonso fazia esse passeio e fomos acordá-lo a meia noite para nos encaixar numa saída programada com um grupo de alemães para o dia seguinte.
Bem cedinho partimos em dois veículos 4×4 (Toyotas) em direção ao local que fica cerca de 1 hora e meia da cidade por estradas com muita areia. Infelizmente a área que tornou-se parque estadual em 2001 não recebeu qualquer tipo de investimento para elaboração do plano de manejo e conservação.

Como as visitas ocorrem sem nenhum tipo de controle, algumas pinturas já foram danificadas. Basicamente há três pontos de visitação com pinturas, sendo que uma delas está localizada em uma caverna. Além das pinturas existe a curiosa formação denominada pedra do pilão, uma rocha esculpida pelo vento e chuva de onde se tem uma excelente vista do rio Amazonas e áreas de várzea.

Alenquer

Para nossa viagem a Alenquer decidimos alugar um carro em Monte Alegre, pois a ida de barco iria tomar muito tempo. Partimos então por volta das 8:30h por estrada de terra para nosso primeiro destino que seria as cachoeiras do Vale do Paraíso há cerca de 130Km de Monte Alegre, mas já pertencendo a Alenquer. Chegamos por volta das 11:30h e logo em seguida chegou o mesmo grupo de alemães. A formação rochosa da cachoeira é belíssima, porém como estávamos na estação da seca havia pouca água.

Uma atração para nós e para os alemães foi a presença das mascotes da pousada: uma arara e um macaco prego. Após o almoço e o tradicional cochilo partimos para o próximo ponto turístico do município que é a Cidade dos Deuses. Uma incrível formação rochosa erodida pelos ventos e chuva que fica numa propriedade particular de 140 ha. Segundo informações locais o proprietário é um médico que adquiriu a terra para evitar que se transformasse em pastagem. Ele a preserva para visitação cobrando uma pequena taxa.

O que chama a atenção é que não há presença de rochas na região, somente nesse ponto específico. Dependendo do ângulo de vista as rochas assumem formas interessantes como lâmpada de Aladim, taça, portal, etc. Infelizmente quando chegamos já era um pouco tarde e as fotos não puderam mostrar a real beleza do local.

Ao cair da noite partimos finalmente para o município de Alenquer e escolhemos um hotel na beira do rio. Como era sábado havia um movimento grande na praça e na igreja.

Óbidos

Partimos bem cedinho para cumprir os 140 km (sempre em estrada de terra) até nosso último município do roteiro: Óbidos. No caminho paramos em alguns mercadinhos à beira da estrada e pude comprovar a informação do Taketomi sobre presença dos gaúchos no Pará. Como uma grande tendência atual, eles estão vindo para o plantio de grãos, principalmente a soja.

Óbidos tem uma grande participação histórica no Pará, pois é considerada a cidade mais antiga depois de Belém e tem uma irmã gêmea em Portugal. Óbidos teve origem com a construção do forte Pauxis em 1697 que levou o nome de uma tribo indígena que vivia no local. Em 1758 juntaram-se ao forte duas aldeias dos capuchos da piedade formando uma vila que mais tarde levou o nome do município.
A localização foi estrategicamente escolhida, pois é ponto mais estreito do rio Amazonas (cerca de 1.8 Km). Dessa forma toda embarcação que passava pelo rio era obrigada a pagar o dízimo para a coroa portuguesa. Em 1854 o forte foi reconstruído e se mantém como é hoje.

O quartel, que é símbolo do município, ficou famoso pela presença de Leônidas Cardoso, pai do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que serviu lá como tenente. Nossa permanência na cidade foi muita curta e deu apenas para fotografar os pontos históricos e bater um bom papo com um grupo de antigos moradores que visitavam a cidade.

Retornamos para Monte Alegre no final da tarde e ainda chegamos a tempo de pegar o barco da meia noite para Santarém. Como havia muita gente na área das redes decidi dormir na “cobertura”. Apesar de literalmente ter dormido no chão, foi muito agradável dormir vendo as estrelas sendo embalado pela brisa do Amazonas.

Belterra

Belterra fica há 48 Km de Santarém é acessível por estrada não pavimentada, barco e tem uma pista de 2.000 m para pequenas aeronaves. Sua população é de pouco mais de 14.000 habitantes e sua história é singular. Em 1927 a Ford Motor Company, líder na industria automobilística nos EUA, conseguiu junto ao governo brasileiro a concessão de uma área de um milhão de hectares para o plantio de seringueiras nos municípios de Itaituba e Aveiro. Assim surgiu a Fordlândia, uma cidade inspirada no estilo das pequenas cidades do sul do EUA com o objetivo de produção de borracha.

Em 1934, devido ao surgimento dos primeiros problemas da “doença das folhas” e como Fordlândia ficava distante de Santarém e ainda pelo fato do rio Tapajós não oferecer navegabilidade durante os meses de seca para navios de grande porte, Ford conseguiu permutar uma área de 281.500 hectares por uma área de igual tamanho mais próximo de Santarém. Surgia assim, a cidade de Belterra, que tal qual Fordlândia tinha toda a infra-estrutura de uma cidade americana: hospital, escolas, sistema de água e esgoto, energia elétrica, telefone, fábrica de gelo, praças de esportes, serraria, etc. Em 1943 Henry Ford desistiu do projeto e dentre as muitas razões especuladas foram a falta de mão-de-obra e a morte repentina de seu filho Edsel Ford, que comandava a empresa.

Hoje, Belterra ainda preserva muito dessa história, porém boa parte das casas está em más condições de conservação e eles não conseguem investimentos para sua preservação.
Nossa permanência em Belterra limitou-se a uma manhã onde além de fotografar fomos conversar com o secretário de Turismo e meio ambiente Chardival para obter informações sobre o município.

Comunidade de Urucureá

A programação dos próximos dois dias foi conhecer a comunidade de Urucureá que fica cerca de 5 horas de barco rio abaixo. Para esse passeio tivemos que contratar um barco maior, pois é necessário cruzar o trecho mais largo do Tapajós. Após todo um esforço de logística conseguimos o barco, diesel e gelo para a viajem. Nesse destino além da Zeni tivemos a companhia da oceanógrafa Carol, e da bióloga Tâmara, que foram apresentar um novo projeto do Sebrae para a comunidade.

Após muitas ondas e muito sacolejo chegamos em Urucureá por volta das 15h. Fomos até a casa de Dona Zumira, que nos hospedaria na comunidade naquela noite e em seguida fomos conhecer outras famílias de artesãos. Dentre elas a Dona Suzana, uma senhora de 82 anos que trabalha diariamente na confecção de peças com a palha do tucumã. Aliás, Urucureá é famosa pelo número de famílias que trabalham com artesanato e fiquei surpreso com as belas peças que elas produzem.
A vida ali é bem simples sem qualquer infra-estrutura, banho e banheiro são externos, não há energia elétrica e foi minha primeira noite dormindo numa rede. Foi bom – gostei.

Na manhã seguinte acordei às 5:15h e após o café a programação foi uma trilha na mata com os guias Jessé e Rodrigo. Após algumas horas caminhando ouvindo os sons de macacos conseguimos avistar alguns (zog-zog, amarelinho e sagüis). Retornamos para a comunidade e aguardamos a Carol e Tâmara terminarem sua palestra. Depois de um bom banho nas praias do rio Arapiuns retornamos para Alter-do-Chão.

Comunidade Maguary e Jamaraquá

Acordei bem cedo e após o café da manhã fomos de lancha para a FLONA (Floresta Nacional do Tapajós) onde estão as comunidade do Maguary e Jamaraquá que ficam na margem direita do Tapajós. Em Maguary está sendo desenvolvido um projeto inovador que é a confecção do couro ecológico num processo comunitário e artesanal. O couro ecológico é constituído por um tecido de algodão, no qual são aplicadas várias camadas de látex da seringueira que, submetido a um processo de defumação ou secagem ao sol, torna-se impermeável e resistente. O produto final assemelha-se ao couro animal e tem despertado grande interesse nos artesãos e fabricantes de confecções e calçados.

O projeto está recebendo apoio de diversas entidades: ProManejo/PPG7, Flona do Tapajós/IBAMA, USAID e Inst. Internacional de Educação no Brasil.
Passamos boa parte da manhã vendo o processo de produção da manta, corte e montagem dos produtos. Muito interessante saber isso tudo começou de uma forma muito simples e já evoluiu para um trabalho em comunidade e já conseguiram construir galpões e comprar novos equipamentos com o apoio recebido.

O próximo ponto no roteiro foi a comunidade de Jamaraquá onde fizemos uma trilha na mata para visitar uma das maiores árvores da Amazônia: a Samaumeira. Foram duas horas de trilhas para chegar nelas e segundo o guia ainda não é a maior da Flona. Ficamos impressionados com a força da natureza para criar e manter uma árvore daquele porte. Após a trilha retornamos para a casa de Dona Conceição para saborear uma deliciosa galinha caipira.

O último programa do dia foi mergulhar de snorkel num igarapé de águas cristalinas para observar as algas e peixes. Apesar da pouca luz, pois já estava tarde, deu para ter uma boa idéia das maravilhas daquele lugar. Me senti num enorme aquário rodeado de acará bandeira e acará disco (famosos peixes de aquário). À noite fui jantar na vila e aproveitar para conversar com as pessoas e saber um pouco mais do local.

Ponta de Pedras e Comunidade do Jari

Saímos bem cedo com destino à ponta do Jarí passando por Ponta de Pedras que é uma pequena vila há 20 min de lancha de Alter-do-Chão. Fomos visitá-la juntamente com a Zeni, pois lá o Sebrae está desenvolvendo um projeto junto à comunidade. Dentre outros, o projeto ajudou na padronização das barracas da praia e na construção de uma maloca (quiosque coberto de palha) para apresentações de danças e eventos da comunidade. As praias de ponta de pedra são maravilhosas e por estarem numa ponta mais exposta ao rio tem ondas como o mar.

Em seguida partimos para a Ponta do Jarí, que é um canal de ligação entre Tapajós e Amazonas. Nesse canal é possível avistar jacarés, iguanas e muitos pássaros.
Passamos na sede de uma das comunidades para divulgar um treinamento que o Sebrae estaria promovendo na próxima semana. Nosso almoço foi um piquenique na casa do Sr. Maia e passamos a tarde curtindo o sossego na rede aguardando o sol ficar mais fraco para retornar. No caminho de volta estava previsto ver a revoada de pássaros retornando para dormir na entrada do canal, mas nessa época do ano eles devem migrar para outro local, pois havia poucos deles.

Chegamos em Alter-do-Chão já era noite e recebi um convite para participar da piracaia. Uma tradição na região que consiste em juntar um grupo de pescadores e suas famílias na praia para saborear peixe assado na brasa. O peixe é servido em cuias forradas com folha de bananeira e guarnecido com farinha de tapioca. Para a piracaia também foram convidados os alemães (que encontramos em Monte Alegre) que estavam de passagem pela vila. O peixe preparado pelo Hugo, consultor da Gekko, estava delicioso. Após a refeição tivemos uma apresentação folclórica da dança do boto.

Comunidades do Maguari e Jamaraquá

Acordei bem cedo e após o café da manhã fomos de lancha para a FLONA (Floresta Nacional do Tapajós) onde estão as comunidade do Maguari e Jamaraquá que ficam na margem direita do Tapajós. Em Maguari está sendo desenvolvido um projeto inovador que é a confecção do couro ecológico num processo comunitário e artesanal. O couro ecológico é constituído por um tecido de algodão, no qual são aplicadas várias camadas de látex da seringueira que, submetido a um processo de defumação ou secagem ao sol, torna-se impermeável e resistente. O produto final assemelha-se ao couro animal e tem despertado grande interesse nos artesãos e fabricantes de confecções e calçados. O projeto está recebendo apoio de diversas entidades: ProManejo/PPG7, Flona do Tapajós/IBAMA, USAID e Inst. Internacional de Educação no Brasil.

Passamos boa parte da manhã vendo o processo de produção da manta, corte e montagem dos produtos. Muito interessante saber isso tudo começou de uma forma muito simples e já evoluiu para um trabalho em comunidade e já conseguiram construir galpões e comprar novos equipamentos com o apoio recebido.

O próximo ponto no roteiro foi a comunidade de Jamaraquá onde fizemos uma trilha na mata para visitar uma das maiores árvores da Amazônia: a Samaumeira. Foram duas horas de trilhas para chegar nelas e segundo o guia ainda não é a maior da Flona. Ficamos impressionados com a força da natureza para criar e manter uma árvore daquele porte. Após a trilha retornamos para a casa de Dona Conceição para saborear uma deliciosa galinha caipira.

O último programa do dia foi mergulhar de snorkel num igarapé de águas cristalinas para observar as algas e peixes. Apesar da pouca luz, pois já estava tarde, deu para ter uma boa idéia das maravilhas daquele lugar. Me senti num enorme aquário rodeado de acará bandeira e acará disco (famosos peixes de aquário).

À noite fui jantar na vila e aproveitar para conversar com as pessoas e saber um pouco mais do local.

Comunidade de Urucureá

A programação dos próximos dois dias foi conhecer a comunidade de Urucureá que fica cerca de 5 horas de barco rio abaixo. Para esse passeio tivemos que contratar um barco maior, pois é necessário cruzar o trecho mais largo do Tapajós. Após todo um esforço de logística conseguimos o barco, diesel e gelo para a viajem. Nesse destino além da Zeni tivemos a companhia da oceanógrafa Carol, e da bióloga Tâmara, que foram apresentar um novo projeto do Sebrae para a comunidade.

Após muitas ondas e muito sacolejo chegamos em Urucureá por volta das 15h. Fomos até a casa de Dona Zumira, que nos hospedaria na comunidade naquela noite e em seguida fomos conhecer outras famílias de artesãos. Dentre elas a Dona Suzana, uma senhora de 82 anos que trabalha diariamente na confecção de peças com a palha do tucumã. Aliás, Urucureá é famosa pelo número de famílias que trabalham com artesanato e fiquei surpreso com as belas peças que elas produzem.

A vida ali é bem simples sem qualquer infra-estrutura, banho e banheiro são externos, não há energia elétrica e foi minha primeira noite dormindo numa rede. Foi bom – gostei.

Na manhã seguinte acordei às 5:15h e após o café a programação foi uma trilha na mata com os guias Jessé e Rodrigo. Após algumas horas caminhando ouvindo os sons de macacos conseguimos avistar alguns (zog-zog, amarelinho e sagüis).

Retornamos para a comunidade e aguardamos a Carol e Tâmara terminarem sua palestra. Depois de um bom banho nas praias do rio Arapiuns retornamos para Alter-do-Chão.

Deixando Alter-do-Chão

De volta à Alter fui direto para a praia, tomar meu último banho e em seguida saborear meu último filé de Pirarucu. Não podia partir sem isso. Aproveitei a linda luz de fim de tarde para fazer mais fotos da praia. Despedi-me de todos, pois foram muitas amizades nesses 15 dias que lá fiquei. Devo confessar que deixei Alter-do-Chão com o coração partido, pois nunca havia me envolvido tanto com um local.

Dicas do autor

Alter-do-Chão tem suas belezas o ano todo, porém a melhor época para praias é de setembro a dezembro. Chove pouco e as praias estão maravilhosas. No inverno quase não há praias e a ilha do amor fica praticamente coberta pelas águas. Lembre-se que em setembro tem a festa do Çairé e a vila fica muito agitada. Outra grande vantagem da região do Tapajós e que devido a acidez de suas águas não há mosquitos (pernilongos).

Comentários

  • Ricardo Oliveira de Almeida
    Ricardo Oliveira de Almeida
    responder
    02 jul 2023
    Não sei se alguém ainda administra este site, mas na foto das 3 jovens na praia, a do meio é a minha mãe, coincidência gigante.
    • ecofotos
      ecofotos
      responder
      03 jul 2023
      Oi Ricardo. Que mundinho pequeno esse não. Legal, bom saber do seu relato.

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