Brotas é uma pequena cidade no centro do estado de São Paulo, que teve sua rotina completamente alterada quando passou a ser conhecida como a Meca dos esportes radicais.
Tudo começou em 1995, quando Renato e Junior fundaram a agência de turismo Mata’Dentro, transformando em negócio a antiga brincadeira de moleque, que consistia em descer as corredeiras do rio Jacaré Pepira em bóias (câmara de ar de caminhão).
No começo era tudo bem simples e improvisado, porém hoje, já com o certificado ISO 14001, a Mata’Dentro tem um grande portfólio de produtos ligados ao ecoturismo.
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Juntamente com isso, vieram muitas outras agências, o comércio se desenvolveu com novas lojas, pousadas, hotéis e a cidade hoje tem um outro astral.
Nos finais de semanas e feriados a Rua Mário Pinotti fervilha de botes, bóias e com o vai-e-vem dos turistas se apressando para não perder o próximo programa. Além da tranqüilidade, Brotas tem outro motivo de orgulho, pois é um dos, senão o único, município do estado a ter um rio totalmente limpo cortando o centro da cidade.
1º dia – canyoning na cachoeira Andorinha, cachoeira da Figueira e morro da cela
Já estava chegando na Mata’Dentro, quando recebi uma ligação da agência me dizendo que o grupo já estava pronto e só faltava eu. Fiquei surpreso, pois grupos sempre se atrasam, principalmente se tratando do primeiro dia do feriadão e o programa começava às 8h.
Entramos no ônibus com destino ao primeiro programa do dia: canyoning na cachoeira Andorinha, com cerca de 30 metros de altura. Durante o trajeto o guia apresentou a equipe e nos deu algumas informações sobre o programa.
Ao chegarmos no local, tivemos um treinamento básico sobre o uso do equipamento inclusive com aula prática numa base de madeira. Já devidamente equipados com cadeirinha, mosquetão e oito (dispositivo de freio) fomos para a borda da cachoeira.
Todos entraram em fila se fixando numa corda de segurança e um a um íamos descendo com a supervisão e ajuda do guia. Apesar da água bastante fria, poucos conseguiam sentir frio, tamanha a dose de adrenalina naquele momento. Já no final da descida, o banho era inevitável e após se liberar da corda todos descreviam suas sensações e emoções da nova experiência.
Quando o último desceu, caminhamos até a cachoeira da Figueira para a segunda experiência do dia. Agora a queda, duas vezes mais alta, impunha mais respeito.
Como no final da queda d’água havia muitas pedras, a descida não podia ser na vertical, portanto foi um mixto de canyoning com tirolesa. No final da descida atingia-se uma velocidade maior dando ainda mais emoção.
Terminada a segunda queda retornamos à cidade para o almoço, que pelas energias gastas nas atividades, foi muito bem vindo.
Já às 14h partimos tomamos novamente o ônibus e agora o destino era a morro da cela. O grupo era maior e a programação composta por um pequeno trekking, subindo o morro, e lá em cima faríamos um rapel e uma tirolesa. O grupo foi dividido em dois e cada um fez uma atividade, invertendo-se logo em seguida. A tirolesa foi a mais emocionante, pois o trecho tinha mais de 120 m e cerca de 100 metros de altura. Com o cair da tarde fomos presenteados por um magnífico pôr-do-sol de inverno.
2º dia – Trilha da Furna do Jacaré e cavalgada
Nosso programa foi a Trilha da Furna do Jacaré e fomos inicialmente ao Parque dos Saltos, na área central da cidade, onde foi construída a primeira usina hidrelétrica, hoje desativada. Nos foi contada a história do rio e sua importância para a cidade.
Logo em seguida tomamos o ônibus e fomos até o ponto de partida para a caminhada histórica. Boa parte dela às margens de um dos afluentes do Jacaré Pepira, passando pela Usina Jacaré, segunda usina de Brotas. Construída durante a segunda guerra mundial, também está desativada. Na continuação da caminhada passamos novamente pelas cachoeiras Andorinha e Figueira onde o grupo da tarde já estava fazendo o canyoning.
O programa da tarde foi a cavalgada. Após o almoço partimos de ônibus para uma das fazendas da região onde os animais já prontos, aguardavam o grupo. Partimos com a tropa pelos pastos e trilhas com a sensação de ter voltado no tempo, pois pelo caminho não havia o menor sinal dos tempos atuais. Cada um se adaptava como podia com seu animal, pois nem sempre é fácil conduzi-lo para onde desejávamos ir.
3º dia – Boiacross e trilha de Santa Marta
O programa da manhã foi o Boiacross e partimos logo cedo de ônibus para o Jacaré Pepira onde cada um recebeu os equipamentos de segurança (capacete e caneleira) e logicamente sua bóia. Após a divertida e colorida travessia do pasto com as bóias na cabeça chegamos à beira do rio, onde o guia nos deu as instruções ensinando todas as manobras e dicas de como se livrar dos galhos nas margens.
Uma vez todos prontos, pulamos n’água e daí em diante foi só alegria. Havia pontos de corredeiras, onde era preciso “remar” com as mãos para escolher o melhor ponto de descida e outros de calmaria total, onde o silêncio e o contato com a natureza eram simplesmente incríveis.
O final do boiacross é justamente no centro da cidade e para dar mais um pouco de adrenalina, todos são convidados para saltar da ponte. Após pensar uns 10 min, criei coragem e saltei dos seus cerca de 5 metros de altura.
Após o almoço partimos para a trilha de Santa Marta, uma bela caminhada passando por várias fazendas, pastos e plantações. Foram trechos de campo aberto e mata fechada e boa parte dela dentro do rio, porém com água bem rasa, não passando do joelho. O ponto alto do trekking está na chegada à cachoeira que impressiona pela altura e beleza da queda.
4º dia – rafting
Finalmente o programa mais esperado do feriado, o rafting. Partimos de ônibus para o ponto de apoio da Mata’dentro no Jacaré Pepira. Todos receberam os equipamentos de segurança e foram formadas as equipes e distribuídas pelos botes. Entramos então numa pequena lagoa onde o instrutor de cada bote dava as orientações e os comandos de remos: direita a frente, esquerda ré, e assim por diante. Todos tinham que ter consciência que na hora H tinham que trabalhar em equipe para conduzir o bote pelo local indicado pelo guia.
Um a um os botes foram lançados no rio e para surpresa de todos, apenas alguns metros a frente já havia a primeira emoção – uma pequena queda que já dava a noção do que nos esperava rio abaixo. A cada nova queda a ansiedade aumentava e as emoções iam ao extremo.
Para manter o clima durante os trechos de calmaria os botes se aproximavam e valia de tudo para derrubar um amigo na água. Quando tudo parecia estar acabado é que veio a última e maior queda. Após vencê-la o grupo tinha muito mais razão para comemorar e por em prática o grito de guerra criado por cada bote.
Sem dúvida alguma após um feriado recheado de aventura e adrenalina ficará mais fácil encarar uma nova semana de trabalho.
Dicas
- Como praticamente todas atividades em Brotas envolvem água, não esqueça roupa de banho e utilize roupas que sequem facilmente, tipo tactel.
- Também é importante utilizar um calçado com bastante aderência, principalmente para o rapel e canyoning.
- É importante ter uma muda de roupa seca e tênis no ônibus para não voltar encharcado para a pousada.
- Não deixe de provar o famoso whisky de Brotas (pinga com mel) oferecido pela agência, para rebater a friagem, ao término de cada atividade.
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Serviço
Mata’Dentro Ecoturismo
Av. Mário Pinotti, 230 – Brotas – SP
Fone: (14) 653-1915