Sobre mim

 

O objetivo desse blog é ser um álbum virtual das minhas viagens desde 1997.  Em cada uma delas, tento passar um pouco do que vivi. Espero que goste e volte sempre para ver as novidades.
Para conhecer meu trabalho como fotógrafo profissional, visite meu novo site www.adilsonmoralez.com.br

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O Caminho da Fé, que corta a serra da Mantiqueira, foi inspirado no famoso caminho de Santiago de Compostela na Espanha. Apesar de ser utilizado há décadas por peregrinos em direção ao santuário de Aparecida do Norte, somente em 2003 ele foi oficializado pela AACF (Associação Amigos do Caminho da Fé) que mantém o caminho. São praticamente 400 km ligando muitos municípios. O ramo principal liga São Roque da Fartura (próximo de Águas da Prata) à Aparecida do Norte. Adicionalmente existem dois ramos, um vindo de Mococa e outro de Descalvado, que se juntam em São Roque da Fartura.

Caminho Da Fé 2007- Confira O álbum De Fotos (mostrando 30 De 60 Imagens)

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Como resultado da AACF o caminho é muito bem sinalizado e a grande maior parte do trajeto é por estradas de terra passando por plantações, propriedades particulares e cortando todos os municípios do caminho. A cada 2 km há placas de identificação com os quilômetros faltantes até Aparecida. O caminho pode ser feito a pé ou bicicleta. Existem várias porteiras trancadas com passador para pedestres. As bikes devem ser erguidas para transpô-las. Minha recomendação aos bikers é ficar atento à sinalização, pois é fácil passar direto por um saída quando se está num downhill.

Nosso roteiro

A ideia de fazer essa viagem foi do Felipe e do Guilherme, que já haviam feito no ano anterior. O grupo foi composto de 7 pessoas (Eu, Cello, Felipe, Guilherme, Moço, Paulinho e Zanotto) tendo todos bastante experiência em longas pedaladas. A data escolhida foi o feriado de Corpus Christi de 2007. Nosso roteiro foi de Tambaú à Campos do Jordão – um trajeto de cerca de 355Km a serem percorridos em 4 dias.

Para o apoio tivemos o serviço do Lobo Biker que com sua van adaptada consegue transportar 10 pessoas e as respectivas bikes. A logística de roupas e pertences foi muito bem planejada, pois a van somente iria nos buscar domingo a tarde em Campos. A ideia era levar apenas o estritamente necessário. As pousadas já haviam sido previamente reservadas e um dos membros do grupo, o Moço, seria nosso mecânico.

Saímos de Sampa na quarta à noite todos muitos ansiosos para a empreitada. No caminho, para estimular, fomos vendo vários DVDs sobre o tema: Tour de France, Iron Man de Floripa, X-Terra de Ilha Bela, etc. A chegada em Tambaú foi cerca de 1:30h e nos hospedamos no Hotel Tarzan.

Dia 1 – Tambaú – Casa Branca – Vargem Gde.do Sul – S. Roque da Fartura – Águas da Prata

Excepcionalmente acordamos à 7h e após um reforçado café fomos tirar fotos do grupo, da matriz e passar na casa do peregrino, ao lado da matriz, para pegar a credencial do peregrino. Trata-se de um “passaporte” com 40 espaços para receber os carimbos durante o trajeto. Em cada município ou ponto de referência do caminho há locais para carimbar o passaporte. Também estava no hotel uma dupla de BH: Jair e Fernando, que também fariam o mesmo trajeto, porém até Paraisópolis. Eles contavam com apoio de um carro que seguia pelo asfalto e os esperava no município que iriam dormir.

Já bem atrasados começamos finalmente a pedalada, sempre seguindo as placas e as setas amarelas. Ao pegarmos a primeira estrada de terra, cometemos o erro básico de não olhar para os lados e num downhill passamos reto a saída. Conclusão: isso nos custou uns 8 km a mais. O trajeto seguiu por estrada de terra, muitas plantações de café, sorgo, feijão, laranja, etc. A primeira parada foi numa fazenda que serve de pousada e os próximos municípios foram Casa Branca e Vargem Grande do Sul, onde paramos para almoçar. Aí já notamos alguns erros de estratégia, pois fomos almoçar muito tarde (15h) e para tirar o atraso saímos pedalando logo em seguida.

Ao cair da tarde nossas preocupações aumentaram, pois ainda faltava muito chão para Águas da Prata e já estava escurecendo. Conseguimos chegar até São Roque da Fartura com certa dificuldade em enxergar o caminho. Ali tivemos que buscar opções para o problema: achar uma pousada ou um caminhão para nos levar até Águas da Prata. Após algum tempo conseguimos uma F-4000 por R$ 90 para fazer os 16 km restantes. Essa foi a grande aventura do dia, principalmente quando tivemos que nos cobrir com a lona para suportar o frio. Ele nos deixou antes do pedágio e pedalamos alguns quilômetros até o Ideal Hotel, onde já tínhamos nossas reservas. Após um merecido banho e um jantar excelente foi hora de relembrar o dia e planejar o próximo.

Dia 2 – Águas da Prata – Andradas – Crisólia – Ouro Fino

Hoje já acordamos mais cedo e pretendíamos iniciar o pedal antes das 8h. Porém, aconteceu um grande imprevisto: nosso amigo Cello teve um problema de saúde e não conseguia sair da cama. Após muita discussão do que fazer, decidimos levá-lo ao pronto-socorro e aguardar a avaliação médica. Por volta das 10h, soubemos que estava bem e que até poderia pedalar. Dividimos o grupo e partimos em quatro pessoas, ficando o Felipe e o Moço com ele no PS. Como o cara é fera no pedal cerca de duas horas depois eles nos alcançaram e o Cello já estava 100% recuperado. Hoje, já com o aprendizado de ontem, paramos para almoçar mais cedo, em Andradas, e reservamos um tempo para digestão. A parte dura do dia foi subir a Serra dos Limas, onde empurrar a bike é praticamente certo. Chegamos a Ouro fino no crepúsculo, mas ainda com luz para tirar boas fotos do monumento ao menino da porteira. Após cruzar toda a cidade chegamos na pousada Mata Fria que dista 4 km do centro. A pousada é super aconchegante e o jantar estava divino.

Dia 3 – Ouro fino – Inconfidentes – Borda da Mata – Tocos de Moji – Estiva – Consolação – Paraisópolis

Bem, como o terceiro dia e com muitas lições aprendidas, tudo saiu como planejado: acordamos cedo, café bem reforçado e enquanto arrumávamos as coisas o Moço deu aquela geral nas bikes. O primeiro grupo saiu cerca de 8:30h e o dia foi muito proveitoso e o pedal rendeu bastante. A parada para almoço foi em Borda da Mata, com a respectiva siesta para a digestão. Como já estávamos acostumados todos deitaram e dormiram pela calçada. Como também já de costume tínhamos uma boa serra no período da tarde e apesar de nossos esforços não conseguimos chegar a Paraisópolis.

Chegamos em Estiva por volta de 16h e ainda tínhamos cerca 40 km até Paraisópolis. Começamos procurando por um hotel ou pousada e como não havia vagas a próxima opção foi procurar outro caminhão. J Depois de parar vários que passavam pelo local, conseguimos um que nos cobraria R$ 150 indo pela Fernão Dias para não chacoalhar tanto as bikes. Nesse ponto nossos amigos de BH Jair e Fernando também estavam conosco e num grande gesto de camaradagem se juntaram ao grupo. Dessa forma tínhamos que transportar 9 bikes e 11 pessoas em dois veículos. A solução encontrada foi bikes + mochilas na carroceria, 4 pessoas na cabine do caminhão e 7 no Honda Fit. Realmente surpreendeu e honrou o nome “Fit”

Partimos já estava escuro e após mais de 1h de muito aperto e risadas chegamos na pousada da Praça em Paraisópolis. O jantar foi no restaurante Coisa e Tal e nos permitimos um chope para tirar a poeira da garganta.

Dia 4 – Paraisópolis – Luminosa – Campista – Campos do Jordão

Hoje saímos bem cedo e ainda fazia muito frio, 15ºC na praça da matriz. Sem dúvida alguma foi o dia de maior visual e como já prometia muitas subidas aproveitei todas as paradas para fotografar o grupo e a paisagem. No caminho encontramos o terceiro grupo de peregrinos que tinha como destino Luminosa. O ponto alto da viagem foi a serra de chegada até Luminosa, com um visual maravilhoso. Eu, Paulinho e Zanotto paramos em vários pontos para fotos. Na cidade aproveitamos para tomar algo gelado e reabastecer o camelback, pois também já sabíamos que a pior parte de toda a viagem seria a subida da serra até Campos. Realmente nunca havíamos pego uma serra tão pesada e longa, onde praticamente todos empurraram a bike. Uma vez lá em cima a coisa melhorou e voltamos a ter belos visuais.

Quando avistamos Campos bateu uma alegria, embora ainda faltasse muito para chegar. Mais adiante pegamos asfalto, o que rendeu bastante a viagem. Há apenas 11 km de Campos o caminho deixa o asfalto e pega um trecho de lama com muito sobe e desce. Nessa hora o humor já estava quase no fim e ainda para ajudar a corrente do Guilherme arrebentou pela terceira vez. Lá vai o Moço botar a mão na massa novamente. Contando cada quilometro chegamos no Capivari por volta das 16h, onde o pelotão de elite já nos aguardava desde o meio dia. Sim, pois o ritmo de cada um é bem diferente e praticamente os subgrupos se distanciavam.

Após a sensação de dever cumprido pedimos um belo prato para comemorar a conquista. Quando a o Lobo chegou com a van foi a festa e antes de colocarmos roupas quentinhas fizemos a última foto do grupo.

Sem dúvida alguma a viagem foi maravilhosa e nunca esqueceremos essa experiência. Apesar de momentos de dificuldade e de grande exigência física as boas recordações compensam todo o sacrifício.

Tempo do segundo pelotão

Dia

Quilometragem

Tempo (h)

Primeiro

106

7:15

Segundo

86

6:20

Terceiro

65

5:11

Quarto

60

5:50

Dicas

  • Visite o site oficial do caminho da fé – www.caminhodafe.com.br ;
  • Procure ir bem leve. Os hotéis e pousadas tem lavanderia;
  • A cada 20 km aproximadamente há uma cidade/vila para reabastecimento de água e alimentação;
  • Programe a distância a percorrer por dia de acordo com o perfil do grupo. Faça com calma e curta o clima do caminho e seus habitantes;
  • Esteja preparado para grandes aclives e declives;

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Confira o audiovisual dessa viagem

 

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