O Parque Nacional da Chapada Diamantina está localizado a 420 km de Salvador, no centro geográfico da Bahia, é um dos parques brasileiro com a maior diversidade de atrativos. Criado em 1985, é considerado um paraíso para os trekkers e concorre como um dos melhores lugares do mundo para grandes caminhadas, onde a travessia do vale do Paty é um excelente exemplo. Um grande número de cachoeiras belíssimas, uma infinidade de grutas, rios de água avermelhada e gerais que somem no horizonte fazem da Chapada um roteiro imperdível para casais, grupos e famílias.
Chapada Diamantina 2008 – Confira O álbum De Fotos (mostrando 30 De 88 Imagens)

É possível programar seu próprio roteiro, qualquer que seja ele. Você pode escolher desde uma aventura pura com trekkings de vários dias, pedalar por dezenas de quilômetros, escalar grandes paredes ou simplesmente ficar curtindo as confortáveis pousadas, fazer massagens terapêuticas ou passear pelo centrinho descobrindo pequenos tesouros do artesanato local.
Com mais de 20 agências e 50 opções de pousadas e hoteis, Lençóis é a principal cidade e a porta de entrada da Chapada. Não só por ser a mais estruturada, mas também por receber o maior fluxo de Salvador, de onde chegam os ônibus em três horários diários trazendo centenas de turistas. A Chapada também está na mira do estrangeiros que estão em todos os grupos nos passeios, sendo a maior parte de europeus.
Além de Lençóis, cada cidade tem seus atrativos e devem fazer parte de seu roteiro pelo menos: Mucugê, Andaraí, Palmeiras, Igatu e Vale do Capão. Muitos dos roteiros já incluem alguns dias nestas cidades aproveitando o melhor que cada uma tem para oferecer.
A história da Chapada remete ao início do século XVIII onde a descoberta de ouro e do diamante, décadas mais tarde, trouxeram muita gente para a região. A atuação humana foi tão forte e marcante que até hoje é possível ver sua influência, quer seja pelos montes de cascalho retirados dos rios e deixados à suas margens ou pelo assoreamento causado em muitos deles devido ao uso de dragas para a retirada e lavagem do cascalho. Até meados da década passada ainda havia atividades de garimpo na região que desde então está proibido. Ainda hoje, alguns garimpeiros insistem na busca dos tesouros, mas sem utilização de maquinário.
Andar pelas ruas de Lençóis, Mucugê, Andaraí e Igatu é como viajar no tempo e pode-se sentir a energia dessas cidades que nos remete ao passado onde o diamante movimentava milhões e tudo girava em torno dele.
Nosso roteiro
A Chapada Diamantina é um lugar para se visitar várias vezes, prova disso é que esta é nossa terceira visita e ainda há lugares para conhecer. Através de um convite da agência Nas Alturas pudemos desfrutar de uma semana inesquecível neste lugar mágico. A programação não poderia ter sido melhor e não ficamos um dia sequer parados. Um fato que me deixa feliz é sempre que voltamos à Chapada ela está melhor e mais estruturada. Com mais agências, pousadas e restaurantes, mas o melhor de tudo é que continua preservada como sempre. Temos fotos de Lençóis em 1996 e o local está da mesma forma hoje.
Também adorei ouvir que muitas pessoas da comunidade estão prosperando com o turismo e também estão bem mais estruturadas para recebê-los. A meu ver aí está a solução para os parques brasileiros: fazer com que comunidades que vivam dentro deles parem com as atividades conflitantes (agricultura, extrativismo, pecuária) e vivam de serviços aos turistas.
Durante nossa estadia em Lençóis estivemos muito bem acomodados na aconchegante pousada Vila Serrano. Distante 5 minutos à pé do centro é bem arborizada e muito tranqüila.
Cachoeira do sossego – Ribeirão do meio
A caminhada de 7 km (ida) para a cachoeira sai do centro de Lençóis e é considerada moderada por ter trechos de travessia de rio e o constante pula pula nas pedras. Como o dia amanheceu garoando tínhamos a dificuldade adicional das pedras estarem escorregadias. Quando já estávamos no meio do caminho, o nosso guia Itamar fez uma avaliação do rio Ribeirão e considerou mais seguro abortarmos a subida e curtimos o banho um pouco abaixo no mesmo rio.
Como com a natureza não se brinca, foi melhor deixar essa atração para a próxima viagem e aproveitar o delicioso escorrega no Ribeirão do meio. As formações rochosas do rio aliada à água avermelhada renderam dezenas de fotos lindíssimas.
De volta à Lençóis fomos brindados com um belo fim de tarde e a noite fomos convidados a conhecer as delícias da casa de massas Maria Bonita.
Marimbus
Esta é uma atração relativamente recente na Chapada e também conhecida como mini pantanal. O acesso é de carro saindo de Lençóis e leva cerca de 50 minutos até o povoado do Remanso e o Eric foi nosso guia neste dia. Eles receberam recentemente o título de quilombo devido ao isolamento e a não miscigenação. O Tucunaré, trazido da Amazônia e o Molé, afrodisíaco segundo os nativos, são peixes comuns na região e fazem parte da alimentação e do meio de sobrevivencia dos quilombolas.
A partida do Remanso é feita numa canoa conduzida por moradores/guias que nos levam rio abaixo observando a vegetação e fauna típicas das áreas alagadas. A descida do rio é muito tranqüila e no caminho tem-se uma visão muito diferente da Chapada com pássaros aquáticos, árvores de maior porte e a vista da serra ao longe. Após algumas horas remando chega-se ao rio Roncador com suas piscinas naturais para banho e relaxamento. Infelizmente, isso não aconteceu na nossa visita, pois devido às chuvas o rio estava muito alto. Após um almoço típico a decisão do grupo foi retornar caminhando pelo rio contemplando seus belos visuais.
Cachoeira da Fumaça
Para conhecer esse cartão postal da Chapada há duas formas: por cima – num trekking curto de poucas horas ou por baixo num trekking pesado de 3 dias. Nossa opção desta vez foi por cima, mas já está nos planos conhecê-la por baixo também. O trekking sai do Capão e para chegar lá são 78 km desde Lençóis passando por Palmeiras.
Além de nosso guia, Adelson é presidente da associação de guias e responsável pelo projeto de manutenção da trilha, que devido ao grande volume de turistas sofre muitos danos e várias ramificações.
A primeira hora e meia tem uma subida íngreme, mas é facilmente compensada pela linda vista: Morrão de um lado e vale do Capão do outro. Quando se chega ao platô a caminhada é muito prazerosa e rapidamente se chega ao tão esperado destino.
Considerada a maior cachoeira do Brasil em queda livre, a fumaça despenca de 380 m e devido ao forte vento no vale a água é trazida de volta formando um maravilhoso arco-íris. Boa parte da água que sobe cai em forma de chuva refrescando seus observadores. A parte mais difícil é ter coragem para chegar perto da borda e observar onde a água deveria cair lá embaixo. Muitos não conseguem tal proeza, mesmo se arrastando vagarosamente com alguém segurando seus pés. O volume da cachoeira varia muito no decorrer do ano, podendo praticamente sumir na seca ou despejar milhares de litros por segundo na época das chuvas.
Poço Azul – Igatu – Mucugê
Para descansar da caminhada do dia anterior a programação do dia seria praticamente feita de carro. Despedimos-nos de Lençóis e partimos rumo ao Poço Azul. Trata-se de uma caverna inundada parcialmente por águas subterrâneas de uma transparência incrível. Durante os meses de maio a setembro ocorre um show a parte onde os raios solares que entram por uma clarabóia atingem sua superfície criando um tom azul anil. Um fato curioso neste dia foi que um urubu havia feito um ninho há poucos metros do acesso à gruta e seus dois filhotes pareciam não se incomodar com o vai e vem de pessoas.
Após o banho no poço, o delicioso almoço regional servido no restaurante local foi uma dádiva dos deuses. Após cruzarmos o rio Paraguaçú fomos para Igatu visitar as ruínas do garimpo e o museu a céu aberto. Nesta vila, construída basicamente sobre pedras, é possível ver todos os detalhes de como era dura a vida naquela época. Incrível o trabalho dos garimpeiros para desviar os cursos d’água para a lavagem do cascalho. Onde não havia rio, eram criadas as cisternas para coletar água da chuva e então, quando cheias, lavar o cascalho acumulado na busca do tão sonhado diamante. Partimos já de noite para Mucugê, onde fomos bem recebidos pela Lúcia da pousada Pé de Serra.
Cachoeira do Buracão
A cachoeira do Buracão é sem dúvida uma das mais bonitas da Chapada e para chegar aos seus 80m a natureza levou milhões de anos cavando o cânion que lhe dá acesso. Para chegar lá, nosso guia Eric nos levou de carro até Ibicoara numa viagem de 3h onde o guia local Marcone também nos acompanharia. Após deixar o carro, uma caminhada de cerca de 1 hora pelo rio Espalhado, que forma a cachoeira, nos leva até este presente da natureza.
O rio é muito bonito e têm varias outras quedas e visuais que seriam apreciados em detalhes na volta. Fazendo jus ao nome a cachoeira do Buracão fica numa depressão e a descida até o acesso à queda é bem acentuada. Quando se chega ao cânion a sensação de êxtase só é quebrada quando o guia informa que para ver a cachoeira há duas opções: atravessar uma tora de madeira, a vários metros de altura e depois caminhar pelas pedras escorregadias ou nadar em suas águas geladas contra a correnteza. Bem, considerando a segurança preferimos nadar. Ah, para os que não nadam e têm medo de altura há um pequeno bote.
A chegada na base da queda impressiona até os mais céticos. É muita água caindo e um barulho e vento descomunal. Como não dispúnhamos de caixa estanque deu para fazer poucas fotos para não encharcar a câmera. A opção para se aquecer foi fazer o lanche na parte superior do rio numa de suas quedas.
De Guiné ao Capão de mountain bike
A programação do dia seria bem diferente: pedalar com a Renata Falzoni e um grupo de Lençóis que estavam fazendo a volta ao parque de mountain bike. O roteiro foi elaborado pela Terra Chapada Expedições e Brasilbybike onde o trajeto neste dia seria pedalar de Guiné ao Capão. Para poder me juntar ao grupo o Luca da Brasilbybike me forneceu uma Trek 4400, um boa bike para aguentar todas as adversidades de pedalar por lá.
Após acomodar 7 pessoas e 6 bikes na Toyota do Terra, partimos de Mucugê para Guiné. Lá, começava o pedal por uma estradinha aprazível e tranqüila. Mas, a pior parte ainda estava por vir: subir com as bikes nas costas pelos Aleixos até atingirmos o alto da serra. Enquanto a maioria contratou carregadores eu e o Terra preferimos carregá-las. Lá em cima, após um merecido descanso e após um pequeno lanche começamos o pedal pelos gerais com visuais incríveis do vale do Paty. Como havia muitas paradas para fotos e filmagens o pedal não rendeu muito e logo escureceu.
Apesar de estar nublado, a noite de lua cheia ajudava bastante e seguíamos em frente com as lanternas apagadas. O pedal só era interrompido pelas áreas de mata fechada ou pedras forçando o empurra bike. A chegada ao Capão foi às 21h45min e muito comemorada com cerveja na pizzaria do Thomas. Nossa hospedagem no Capão foi na agradável pousada Pé no Mato.
Caminhando do Capão a Lençóis
Para fechar com chave de ouro nossa passagem pela Chapada a programação do dia seria um trekking do Vale do Capão até Lençóis, mais precisamente até a BR-242, onde um carro nos apanharia. O dia amanheceu com um belo céu azul e muito propício para uma caminhada suave de cerca de 6 horas. Após o bate papo no café da manhã com a simpática Silvia da Pé no Mato partimos de Toyota até o início da trilha e o Adelson mais uma vez nos guiaria até a cidade.
A parada para o lanche foi em Águas Claras, um local ideal para banho e descanso no meio do caminho. A melhor parte dessa travessia é poder ver o Morrão em suas diversas faces – difícil escolher a mais bonita. O fato marcante do dia foi cruzarmos com duas francesas perdidas caminhando despreocupadamente de sandálias na mão e acreditem com um bebê de cerca de 6 meses.
Chegamos à BR no fim do dia e na volta à Lençóis, como já de praxe, passamos na Gilmara para uma deliciosa tapioca. À noite jantamos ao ar livre no restaurante Salton na praça central. E ao som de música ao vivo fizemos uma revisão de todos os lugares mágicos e pessoas especiais que conhecemos nessa incrível semana na Chapada.
Dicas
- Lençóis tem apenas uma agência do Banco do Brasil. Leve dinheiro trocado pois é difícil trocar notas altas;
- Apesar de dispor de um aeroporto novo em folha, atualmente não há nenhuma companhia aérea operando em Lençóis. O ônibus de Salvador é muito confortável e leva cerca de 6 horas. Há 3 horários diários;
- Não economize no cartão de sua câmera. Você certamente fará mais fotos do que imaginava;
- Roupas leves, protetor solar, boné, capa de chuva, papete e uma boa bota/tênis de caminhada são indispensáveis. Dependendo da época faz muito frio a noite e em Mucugê e Capão sempre é mais frio;
- Sempre ande com guias, pois é muito fácil perder-se;
- Não deixe de conhecer as principais cidades da Chapada. Cada uma tem sua história e uma ou mais atrações para serem conhecidas;
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Confira o audiovisual dessa viagem
Agradecimentos
Gostaríamos de agradecer à todas as pessoas que trabalharam para nos proporcionar uma semana realmente inesquecível na Chapada, principalmente a Vanessa e toda a equipe da Nas Alturas que fez toda a programação. Vejam abaixo seus contatos:
Nas Alturas Atividades de Montanha
chapada@nasalturas.net
Praça Horácio de Matos – centro
Lençóis – Chapada Diamantina – BA
46960-000
75 3334-1054
75 9966-2042
75 9992-2370
Terra Chapada Expedições
Praça Horácio de Matos – centro
Lençóis – Chapada Diamantina – BA
46960-000
75 3334-1428
75 9977-7767
Brasilbybike
info@brasilbybike.com
Lençóis – Chapada Diamantina – BA
75 3334-1452
Pousada Vila Serrano
vilaserrano@uol.com.br
Rua Alto do Bonfim, 08 – Centro
Lençóis – Chapada Diamantina – BA
46960-000
75 3334-1486
Pousada Pé de Serra
pedeserramucuge@hotmail.com
Rua José Alves Campos s/n – Centro
Mucugê – Chapada Diamantina – BA
75 3338-2066 / 2376
Pousada Pé no Mato
Vale do Capão – Chapada Diamantina – BA
75 3344-1105
Pousada Alto do Cajueiro
altodocajueiro@hotmail.com
Rua Alto do Cajueiro, 151
Lençóis – Chapada Diamantina – BA
75 3334-2002
Casa de massas Maria Bonita
casademassas@hotmail.com
Rua das Pedras com rua da Baderna
Lençóis – Chapada Diamantina – BA
75-8812-2186
Tapioca da Gilmara
Rua das Pedras, 1
Lençóis – Chapada Diamantina – BA