O vale do Matutu (“cabeceiras sagradas” em linguagem indígena) está situado no município de Aiuruoca, sul de minas, dentro da APA-Mantiqueira (Área de proteção ambiental).
Lá, encontra-se a fundação Matutu, uma comunidade praticamente auto sustentável que tem uma proposta de vida harmônica com a natureza, criando condições para a realização espiritual, social e econômica de seus indivíduos e possibilitar a multiplicação dessa iniciativa.
A comunidade foi fundada em 1984 quando uma grande fazenda foi desmembrada para acolher pessoas movidas pelo mesmo ideal. A área totaliza 3.000ha e conta com cerca de 140 pessoas conservando e preservando o meio ambiente.
Patrimonio Do Matutu – Confira O álbum De Fotos (mostrando 30 De 70 Imagens)
Devido ao bom gerenciamento da área a entidade conseguiu junto ao IBAMA a criação da APA, que faz divisa com o Parque Estadual do Papagaio. A comunidade tem um estatuto que gere as regras básicas, dentre elas, a não criação de animais domésticos como cães e gatos, para permitir a aproximação de animais e aves silvestres. Como uma dasformas de renda os moradores prestam serviços para os visitantes como guias, massagem, produção de queijos, mel, doces, etc.
O ponto de entrada da comunidade é o Casarão, uma construção de 1904 que serve como sede para os visitantes. Alí se pode comprar artesanatos, produtos do vale, contratar guias, obter toda informação necessária. No casarão também é servido o café da roça.
Casa de hóspedes Patrimônio do Matutu – Hospedar-se aqui é uma das melhores formas de se conhecer os encantos dessa região. A começar pela sua localização. Situada no fundo do vale, há 2,5 km do último ponto acessível de carro, o restante do trajeto deve ser feito numa caminhada super agradável de 40/50 min. Para facilitar o transporte de bagagem há um serviço original: você leva seus pertences de mão e o restante vai no lombo das mulas.
A casa fica num ponto alto com um belo visual do vale e do seu principal atrativo: a cachoeira do fundo. A construção é baseada em madeira e pedra. Ambas cuidadosamente extraídas com o mínimo impacto.
Para um maior contato com o local e entrosamento entre os visitantes não há energia elétrica e o ponto alto é o bate-papo em frente à lareira antes e após o jantar. Aliás, o jantar à luz de velas, também merece destaque, pois já no segundo dia todos estão sentando juntos e tomando vinho num entrosamento total. Coisa quase inimaginável em pousadas tradicionais. As refeições são excelentes e com base vegetariana, sempre preparadas com muito amor e carinho pela Marcilene.
A decoração é de muito bom gosto e harmonia com a natureza. Todos os quartos têm uma maravilhosa vista para a cachoeira com camas muito confortáveis. Ah, o banheiro tem aquecedores à gás e uma grande janela com vista para a cachoeira.
Dia 1 – Chegada em Aiuruoca
Nossa viagem aconteceu no feriadão de 15/11/2005 e partimos de São Paulo, em dois casais, na sexta-feira no início da noite. O combinado com o Luiz, da casa de hóspedes do Patrimônio do Matutu era ligar para ele quando chegássemos em Aiuruoca. Para que providenciasse o nosso transporte do estacionamento até a casa. Porém, como tudo pode acontecer numa estradinha de terra, após cerca de 10km e lá pela 1 h da manhã, nos deparamos com um caminhão carregado de batatas atravessado na estrada, obstruindo totalmente a passagem. Quanto o motorista nos relatou o ocorrido, senti que iríamos atrasar um pouco nossa chegada: o caminhão havia descido sem freios e para conseguir parar ele o jogara contra o barranco e não conseguia mais sair. Começamos a cavar o barranco, calçar a roda, mas nada de sucesso. Mais pessoas iam parando e dando opiniões e ajudando dentro do possível. Para encurtar a história só conseguimos tirá-lo após muitas tentativas lá pelas 5h da manhã. 🙂
Conseguimos chegar na pousada cerca de 6h e após um bom banho e sopa quentinha fomos dormir às 7h.
Bem, acordamos para o almoço lá pelas 14h e para não perder o dia fomos fazer uma caminhada até o casarão para conhecer o caminho durante o dia.
Ao cair da noite foi servido o chá e depois nos reunimos ao redor da lareira. Numa chance única para bater papo, trocar idéias e conhecer as experiências das outras pessoas e obviamente contar nossa aventura da madrugada.
Dia 2 – Pico cabeça do leão
Após o delicioso café da manhã com pão de queijo quentinho a programação foi uma caminhada até o pico cabeça do leão. Para o passeio contamos com o serviço do guia Zé Rafael.
É uma caminhada tranquila com um certo aclive no final e pode ser feita em 3 a 4 horas. Lá em cima a vista do vale é deslumbrante e pode-se ver o pico do pagagaio bem de frente. Um fato interessante do vale do Matutu é sua forma de ferradura o que justifica o nome da cachoeira do fundo.
Voltamos para o almoço cerca de 14:30h e após um pequeno descanço partimos para conhecer a cachoeira do fundo. Numa caminhada tranquila faz-se o trajeto em 2h e certamente vale o passeio. A cachoeira é formada por várias quedas e na última dá para se tomar banho. No retono já estava sendo servido o chá das 5 e deu para repor as calorias gastas nas caminhadas 🙂
A noite, outra sessão de bate-papo ao redor da lareira degustando um bom vinho.
Dia 3 – Cavalgada até a planície macieira
Esse foi o dia mais interessante, pois a programação foi uma cavalgada. Houve uma chance dela ser cancelada, pois havia chovido muito durante a noite e o terreno poderia estar escorregadio. Mas os cavalos deram um show e pudemos fazer o passeio normalmente. A cavalgada saiu da própria casa de hóspedes e fomos guiados pelo Brasil, guia experiente e seu ajudante Rafael, um garoto de 11 anos muito experto e habilidoso.
A parte cômica do passeio foi ver a inexperiência do grupo em controlar os animais, mesmo sendo extremamente dóceis e obedientes. O Luiz também nos acompanhou na cavalgada que tinha como destino a macieira, planície atrás do Patrimônio do Matutu. Passamos por pequenos riachos, pelo casarão e pela comunidade. O destino só foi alcançado após umas três horas e valeu muito a pena, pois nos permitiu ver o vale do lado oposto à cabeça do leão, além da beleza da planície da macieira. Chegamos de volta em torno das 16h para um almoço tardio e um descanso merecido, pois cavalgar 6 horas sem treino é bem cansativo 🙂
Dia 4 – Itamonte
Dia de acordar um pouco mais tarde e arrumar as coisas para voltar para casa. Havia uma certa emoção, pois creio que devido às chuvas os faróis externos do nosso jipe se acenderam durante a noite e ficamos sem partida. Nada que um empurrãozinho não resolvesse. Para continuar com o clima de passeio decidimos retornar pela estrada de terra até Itamonte (55 km) curtindo o belo visual. Após o almoço retornamos para casa extremamente felizes por ter aproveitado ao máximo o feriadão num lugar especial que merece novas visitas.
Dicas:
- Aproveite ao máximo o contato com a natureza onde não há nenhum ruído que lembre cidades.
- Para os mais urbanos esqueça secador, barbeador elétrico e permita-se vivenciar um lugar diferente com um alto astral.
- Quando fizer sua reserva leia atentamente as instruções enviadas pelo Luis e não esqueça a lanterna.
- Sentar na espreguiçadeira da varanda para ler um livro é um programa imperdível.
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Confira o audiovisual dessa viagem
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Serviços
Casa de Hóspedes Patrimônio do Matutu
patrimonio@patrimoniodomatutu.com.br
Fundação Matutu
Cx. Postal 11
Aiuruoca – MG