O Parque Nacional do Serengeti, com uma área de 14.763 Km2, é o parque mais famoso da Tanzânia e vizinho do Parque Nacional Masai Mara, no Quênia. Neste parque é possível ver como era todo o leste da África antes do surgimento dos caçadores brancos. A matança desenfreada dos animais começou no final do século XIV, mas recentemente, caçadores de troféus, presas de elefantes e chifres de rinocerontes aumentaram ainda mais a matança.
África – Safári Fotográfico No Serengeti – Confira O álbum De Fotos (mostrando 30 De 60 Imagens)
Na planície aparentemente sem fim e com poucas árvores, existem literalmente milhões de animais. Eles estão em constante movimento na busca de novas pastagens, sempre observados e perseguidos pelos predadores, que deles se alimentam. É uma das mais incríveis vistas que você já teve, sendo os números, simplesmente surpreendentes. Em nenhum outro lugar é possível se ver gnus, gazelas, zebras e antílopes em tamanha concentração.
O gnu é o principal herbívoro do Serengeti e também a principal presa dos grandes carnívoros como o leão e hiena. Ele é muito conhecido pela migração anual na qual se expõe a uma série de perigos como cruzar grandes rios, que pode deixar centenas deles afogados, feridos ou mortos pelos crocodilos. Durante a estação das chuvas os bandos estão amplamente distribuídos pelo nordeste do Serengeti e norte do Masai Mara. Estas áreas têm poucos rios e nascentes, que secam rapidamente quando as chuvas cessam. Quando isto acontece, os gnus concentram-se nas poucas áreas verdes remanescentes, formando gradualmente enormes bandos que deixam o oeste em busca de novas pastagens, dando início a migração anual.
Por alguns dias, quando os bandos fazem uma pausa, os machos estabelecem os territórios, que são defendidos dos rivais. Neste momento, também acontecem os acasalamentos. Assim que a migração reinicia, os bandos de fêmeas se misturam novamente. Os gnus passam a estação da seca no oeste do parque, retornando ao final desta para o leste, antecipando a estação das chuvas. Os filhotes começam a surgir durante as chuvas, mas se esta se atrasa, até 80% deles podem morrer por falta de alimento.
O Serengeti é famoso também pelos leões, muitos dos quais têm colares para que seus movimentos sejam estudados e sua localização conhecida. Também é famoso pelas chitas e considerável número de girafas. Você precisará de um par de binóculos neste parque, pois as distâncias são tão grandes que você provavelmente perderá muita ação, se essa não acontecer próximo das estradas.
O ligação principal de Ngorongoro para Seronera é uma estrada de chão batido bem conservada. Você verá muito gado Masai de Ngorongoro até Olduvai Gorge. No censo de grandes mamíferos de 1978 foram registrados: 1.500.000 gnus, 1 milhão de gazelas, 200.000 zebras, 75.000 impalas, 74.000 búfalos, 65.000 topi(*), 18.000 eland(*), 9.000 girafas, 5.000 elefantes, 4.000 hienas, 3.000 leões, 500 chitas e 100 rinocerontes.
Não houve muitas alterações neste número desde então, exceto elefantes e rinocerontes que sofreram muito com os caçadores. Os guardas-parque, apesar do entusiasmo, pouco podem fazer contra os caçadores, devido ao reduzido recurso oferecido pelo governo. Os animais são facilmente avistados, uma vez que o Serengeti é totalmente plano com vegetação rasteira, tendo apenas arbustos e árvores agrupados em pequenas áreas, normalmente próximas dos rios.
Cratera de Ngorongoro – Tradução própria – Lonely Planet East Africa
Existem poucas pessoas que nunca ouviram, leram ou viram filmes na TV sobre está incrível cratera vulcânica de 20 km de diâmetro com suas paredes de 600 m de altitude com praticamente todas as espécies existentes no leste da África. A vista da borda da cratera é incrível e a vida selvagem pode não parecer tão impressionante de lá. Porém, quando se desce até seu interior muda-se de idéia rapidamente. Ela já foi comparada a arca de Noé ou ao jardim do Éden nos áureos tempos da virada do século, antes da vida selvagem no leste da África ter sido dizimada pelos “Grandes caçadores brancos” munidos com as últimas armas e total falta de consciência sobre conservação.
Nos dias de hoje a cratera não se compara mais à arca de Noé, mas é possível se ver leões, elefantes, rinocerontes, búfalos e muitos dos mamíferos da planície como o gnu, gazela Thomson , zebra, reedbuck, bem como milhares de flamingos alimentando-se nas rasas águas do lago Magadi.
Apesar das altas paredes da cratera, existe um considerável movimento de animais entrando e saindo – a maior parte para o Serengeti, uma vez que existem muitas fazendas entre a cratera e o lago Manyara. Ainda que exista muita condição para a vida selvagem, com água permanente e muito alimento na interior da cratera, os animais não têm a cratera somente para eles. Será muito provável você ver o povo Masai pastando o gado no interior da cratera. Nos tempos em que a Tanzânia era colônia alemã, havia uma fazenda no seu interior, mas esta já não existe mais.
A cratera de Ngorongoro pode ser visitada durante o ano todo, mas durante os meses de abril e maio há muita chuva, o que danifica as estradas. O acesso ao interior da cratera pode ser suspenso neste período.
O acesso ao seu interior é controlado, mas mesmo assim durante a temporada é provável encontrar dezenas ou até centenas de jipes em seu interior, todos a procura de uma boa foto.
Histórico geológico – Tradução própria – Lonely Planet East Africa
Geologicamente falando, as crateras de Ngorongoro e suas vizinhas são adições recentes a paisagem. Embora tenha havido uma considerável atividade vulcânica na área por aproximadamente 15 milhões de anos, imagina-se que Ngorongoro date de apenas 2.5 milhões de anos e houve uma época onde rivalizava-se com o Kilimanjaro em tamanho. Com seu canal central cheio de rocha sólida e o material líquido no seu interior forçando para sair, a lava começou a vazar. Fraturas circulares desenvolveram-se e o cone entrou em colapso formando a cratera. Diminutas atividades vulcânicas continuaram com a lava encontrando rupturas no fundo e nas bordas da montanha, criando os pequenos montes visíveis no interior da cratera.
Meu roteiro
Como já disse anteriormente, Arusha, é cidade base para os safaris, pois fica mais próxima dos principais parques. Porém, no meu caso, como já estávamos (eu, Fred e Sandra) em Moshi e gostamos dos serviços da Trans Kibo, contratamos a mesma empresa para nos guiar pelos parques nacionais da Tanzânia. Os parques sugeridos pelo gerente Castro, foram: Tarangire, Serengeti, Cratera de Ngorongoro, Lago Manyara e Arusha (Parque Nacional). Acordei no dia seguinte a descida do Kilimanjaro ainda sentindo dores em minhas pernas, afinal a longa descida forçou muito os joelhos. Enquanto tomávamos o café, o pessoal preparava o Land Rover, que seria nosso companheiro nos próximos 8 dias. Agora teríamos a companhia de Hassan, nosso motorista e guia, e Ally, nosso cozinheiro, que aliás, cozinha divinamente levando-se em conta toda a falta de infra-estrutura dos acampamentos.
Parque Nacional Tarangire
Deixamos Moshi por volta das 11:00h, atravessamos Arusha e paramos em uma loja de artesanato, onde graças a meus amigos americanos, perdi boas horas de luz para fotografar. Após algumas horas partimos definitivamente em direção ao nosso primeiro parque: Tarangire. Apesar da grande expectativa, o resultado foi frustrante. Já chegamos ao parque no final do dia e conseguimos ver poucos animais, entre eles pássaros, girafas e babuínos. Porém uma atração deste parque é o grande números de Baobás, a mais tradicional árvore africana.
Ao final do dia nos dirigimos para o acampamento Fig Tree, já no caminho para o Serengeti, onde passamos a noite. Este acampamento fica dentro de um povoado e tem um certo conforto: grama para armar as barracas, banho (conta-gotas) frio e um restaurante para nosso cozinheiro servir o jantar.
Parque Nacional Serengeti
Logo após o café da manhã, levantamos acampamento colocando todo o material no jipe, o que leva um certo tempo. Durante o trajeto é possível ver a dura vida da população local e o povo Masai se deslocando de um local para o outro, sempre com suas vestimentas vermelhas e um cajado. Para ir ao Serengeti, passamos pela Cratera de Ngorongoro, porém apenas margeando-a e avistando seu interior. A real visita a este parque será feita na volta.
Após descer a cratera, entramos na área de conservação de Ngorongoro, onde Masai, seu gado e animais selvagens parecem conviver em harmonia. Depois de algumas horas dirigindo por estradas de terra e vales belíssimos, finalmente entramos no Serengeti, uma enorme planície com uma relva baixa e vez enquanto uma vegetação mais alta. Próximos aos escassos rios ou espalhadas pela savana, encontra-se as árvores de grande porte. Neste ponto é que comecei a ficar pasmo com o incrível número de animais espalhados por toda a savana. O número de zebras, gnus e as diversas espécies de gazelas é simplesmente inacreditável. Sempre em grupos, saem em disparada com a aproximação dos veículos.
Passamos toda a tarde dirigindo pelo parque e fotografando os animais. Ao final do dia nos dirigimos ao acampamento Seronera, aliás, isto é o que eu chamo de acampamento selvagem. Paramos para acampar apenas alguns quilômetros após ter avistado um grupo de leões. O acampamento é muito simples tendo apenas uma área plana para barracas e dois banheiros. Chuveiros e água seriam luxo. Mais uma vez fiquei surpreso com a facilidade com que nosso cozinheiro preparou o jantar. Estava muito bom.
O dia seguinte foi despendido dirigindo por todo o parque e fotografando praticamente todas as espécies. Dois fatores limitantes para fotografia são: não poder sair do jipe e nem dirigir fora das estradas. Isto porém, proporciona respectivamente, segurança ao turista e proteção aos animais. Um fato muito curioso é a experiência do guia em localizar animais em meio a savana. De repente ele parava o jipe, pegava um binóculo e localizava um animal ainda não visto. Foi desta forma que localizamos uma chita deitada na relva momentos antes de parir. Da mesma, forma conseguimos localizar um leão adulto devorando um gnu dentro de uma moita.
A cada novo animal avistado, uma nova surpresa. Principalmente quando se depara com uma manada composta por dezenas de elefantes, sempre protegendo seus filhotes. Outro gracioso ser do parque é a girafa, sempre com aquele olhar “meigo”. Os leões foram avistados em grupos e descansando nas espaças formações rochosas. Ignoram completamente a presença do ser humano, quer seja apenas dormindo ou mantendo o olhar fixo em alguma presa.
Cratera de Ngorongoro
Deixando o Serengeti e já no caminho de volta, nos dirigimos ao acampamento Simba. Ali passamos a noite, que para minha surpresa estava muito frio, Na manhã seguinte, sob uma densa neblina, descemos até a cratera de Ngorongoro. Apesar de toda a expectativa que tinha sobre a cratera, não tive muita sorte com o tempo. Pois, permaneceu nublado por toda a manhã e aparentemente os animais não estavam muito dispostos a se exporem. Numa única e distante aparição, consegui uma modesta foto de um rinoceronte. Após fazer a foto, olhei ao meu redor e notei que haviam simplesmente 25 jipes tentando a mesma foto.
Após várias voltas em seu interior voltamos para o acampamento Simba, pegamos nosso material e rumamos para o acampamento Safari Junction, onde chegamos no final da tarde. Este local é muito bem estruturado, tendo banho (frio), bom local para montar as barracas, mini mercado, bar com TV e até uma sala de jantar onde Ally, nosso cozinheiro, pode preparar um delicioso jantar.
Lago Manyara
Partimos pela manhã em direção ao acampamento Fig Tree, onde já havíamos ficado a primeira noite, deixamos nosso material lá e rumamos para o lago. Este parque nacional é diferente dos demais, pois predomina vegetação fechada com muitas árvores. Desta forma torna-se mais difícil avistar os animais. Um fato que chamou a atenção foi topar de frente com um elefante enquanto dirigíamos em seu interior. Como os animais têm preferência, voltamos de ré e deixamos o belo animal prosseguir em sua caminhada. O lago é enorme e mal pode-se ver a outra margem. Uma das atrações deste parque é o grande número de Baobás, a famosa árvore africana.
Sumário
Está sem dúvida, foi a melhor de todas as viagens que fiz até o momento e a que mais marcou pela diversidade de relevo, fauna e flora. Além, é claro, de toda a aventura de subir uma montanha de 5.895 msnm, o prazer de fotografar animais selvagens em seu habitat natural e a condição de visitar uma autêntica tribo africana que vive da mesma forma há séculos.